quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Crenças dos Lusitanos


Na época pré-romana ou período proto-histórico, o homem vivia em constante contacto com a natureza, era dela que tirava o seu sustento, era dela que dependia para sobreviver ou não. Sujeito constantemente aos seus caprichos o homem vivia com medo daquilo que não podia controlar, nem explicar. A natureza era para estes homens uma divindade, eles respeitavam-na, temiam-na e adoravam-na. Era ela que lhes dava o alimento e a matéria-prima para fazerem os seus abrigos, as suas armas de defesa, os seus instrumentos para trabalharem a terra. Era ela que os alimentava, abrigava e castigava.

O homem assistia ao nascer e ao pôr-do-sol, às fases da lua, aos inexplicáveis eclipses e trovoadas, agradecia pela chuva, e pelas enchentes dos rios que tornavam as terras mais férteis, pela caça, pelos cereais que cresciam, pelos frutos que colhia, pelos rios cheios de peixe e receava as chuvas abundantes que tudo destruíam, os Invernos rigorosos que lhe dificultavam a sobrevivência, os Verões secos que queimavam as suas colheitas.

Foi fácil portanto que várias crenças começassem a surgir de modo a que o homem conseguisse explicar minimamente aquilo que via, crenças essas que provinham de épocas anteriores, do contacto com outros povos e da própria cultura lusitana. Segundo Possidónio, historiador grego dos séculos II-I a.C., os povos do litoral, acreditavam que todos os dias o sol mergulhava no mar fazendo barulho ao extinguir-se e aumentava assim de volume, o ocaso era pois uma hora sagrada e as populações rezavam para que o sol não se apagasse para sempre. Crença essa semelhante à egípcia, em que os habitantes das margens do Nilo, acreditavam que todas as noites, Rá, o deus-sol, tinha que atravessar o rio numa barca e travar uma luta para que no dia seguinte se pudesse elevar novamente nos céus.

Outras crenças conhecidas dos lusitanos eram a de acreditarem que as éguas do Monte Santo tinham sido fecundadas pelo vento, explicando-se desta maneira a grande agilidade e velocidade das suas crias. Os lusitanos tinham medo da noite e acreditavam na continuação da vida após a morte. A noite era a hora do desconhecido, a hora em que as almas dos mortos novamente regressavam à terra e vagueavam entre os vivos, as almas dos antepassados vagueavam pelos bosques, na confluência dos rios, nas encruzilhadas e aqueles que não recebiam as devidas cerimónias fúnebres, não perdoavam e faziam cair desgraças sobre a família.

 O ferro era considerado um metal impuro e a seu uso era proibido dentro de certos santuários e locais de culto, onde eram utilizados preferencialmente objectos de bronze, barro e pedra. Todos os guerreiros e viajantes respeitavam os cultos e deuses das terras onde entravam. Não se devia desistir de promessas pois isso podia provocava a ira dos deuses.

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