quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A Palmeira Ibérica



  Na antiguidade a Palmeira possuía um significado especial conotado com a nobreza e a riqueza de um povo. Na Península Ibérica existiam muitas palmeiras e havia uma área de concentração destas majestosas árvores a que chamavam Terra das Palmeiras, hoje conhecida como Paloma, actual cidade espanhola.

A Palmeira era um dos principais símbolos do Povo Konii/Konti e aparece representada em moedas cunhadas nas antigas cidades peninsulares pré-romanas. Nalgumas dessas moedas vê-se um cavaleiro que eleva um ramo de palma.
Na época Konii/Konti era habitual decorar os herouns (estelas funerárias) com ramos de palmas em homenagem ao defunto. Hoje, ainda se enfeitam as campas com flores, e podemos especular acerca da ancestralidade das romarias que em Dia de Ramos levam o povo a florir os cemitérios. Afinal, as “novas” religiões herdaram tanto das antigas, politeístas, e estas dos tempos mais remotos, que não repugna considerar que uma tradição proto-histórica ibérica tenha passado ao Médio Oriente e transmitida aos hebreus. Assim teríamos a Festa de Ramos, com os seus tradicionais ramos de palma, ainda hoje praticada em Israel. Tradição nada estranha aos costumes árabes que igualmente homenageiam os seus mortos com deposição de ramos de palma nas campas.
As palmeiras eram tão importantes que os povos da antiguidade (nos reinos em que existiam estas árvores), quando guerreavam, costumavam cortar os ramos das palmeiras do inimigo, no intuito de conjurarem toda a espécie de infortúnios sobre as suas hostes.
Das diversas espécies de palmeira algumas chegavam a atingir porte considerável, na ordem dos trinta metros de altura.
Tamareiras e Coqueiros e, ainda, a palmeira do açúcar de cuja seiva se extraía o adocicado néctar e cujas folhas, fervidas, serviam de alimento constituíam as espécies mais utilizadas na alimentação. Também o tronco do Salgueiro (palmeira) era processado e transformado em farinha da qual se produzia um pão sem fermento. Quase todas as partes da palmeira eram utilizadas. Da fibra bruta se faziam vassouras, capachos e cestas. A fibra, processada, era usada no fabrico de cordas fortes e linhas de costura. Dos óleos da palmeira fazia-se manteiga e sabão.
Belas tigelas e outros utensílios de cozinha, e até ferramentas, eram fabricados com a casca do coco. Certas palmeiras produzem um tipo de madeira bastante resistente e impermeável, daí a sua utilização na construção de embarcações. As suas sementes serviam para fins medicinais ou, secas, tornando-se duras e transparentes, eram utilizadas na confecção de colares de contas e outros adornos. Com as flores, brancas e amarelas, faziam-se perfumes e enfeitavam-se os cabelos das mulheres.




O simbolismo da Roda Solar


A roda solar é uma evolução maior do símbolo solar primitivo, que é o círculo. Os dois eixos sobrepostos formando os quatro pontos cardeais formam, assim, a base de todos os símbolos de orientação. É a mesma coisa que uma bússola marcando o Norte em sua parte superior. Mas bem antes da invenção da bússola, este símbolo solar estava presente em todas as culturas europeias, principalmente na Idade do Bronze. Essa época distante nos deixou, entre outras coisas, as numerosas rochas gravadas na Escandinávia, cobertas destas rodas solares. Encontramos também um grande número delas na tradição Celta, embora outras culturas pagãs ao redor do mundo tenham usado este símbolo. Mas antes de adentrarmos nos mistérios da roda solar, vejamos antes alguns aspectos ligados à própria noção de orientação. A orientação implica três elementos de base: a localização do sujeito está marcada pelo ponto central; a orientação no espaço marcada segundo os pontos cardeais terrestres Leste e Oeste, que designam o amanhecer e o pôr do Sol; a orientação marcada segundo os pontos cardeais do eixo Norte e Sul. A roda solar veicula uma verdadeira síntese da orientação em todos os sentidos.
Não só nos orienta no espaço, mas também no tempo do curso do ano solar, já que esta roda sagrada é um símbolo do movimento vital. Sem movimento não há vida, é o movimento cíclico que marca nossas festividades pagãs mais importantes, como os solstícios de inverno e verão, os equinócios de outono e primavera. Estas festas não foram meramente agrícolas, mas tiveram um carácter altamente religioso para nossos ancestrais politeístas.

O solstício de inverno, deformado pelo Cristianismo, se transformou na festa do Natal. Esta data marca o momento do ano no qual a Natureza recupera sua respiração, abrindo, assim, as portas do novo ano, depois de um período de 12 noites sagradas. Os dias se fazem mais largos, permitindo, assim, a chegada de dias melhores e o retorno do Sol. Os Romanos celebravam o culto ao Deus solar Mitra, entre outros, este renascia a cada ano em 25 de Dezembro como filho do Sol. Se designou essa data como a de Sol Invictus, o “sol invencível”. Pouco antes, os Romanos celebravam a Saturnália, momento quando era costume dar presentes. Este período se acabava com a festa e culto ao deus Janus, o deus bicéfalo que leva uma chave nas mãos. Este deus deu seu nome ao mês de Janeiro, sendo este que abre e fecha as portas do novo ano solar. Esta época do ano estava tão arraiada em todas as culturas pagãs da Europa que o Cristianismo só pôde acabar com ela integrando-a em seu calendário ao final do século IV, colocando na mesma data o nascimento de Cristo para substituir e excluir a lembrança do Sol Invictus.
O equinócio da primavera marca o retorno dos dias bonitos e quentes, é o período do ano dedicado à fertilidade e ao amor. A vegetação volta a crescer de novo e os demónios do inverno são expulsos, a promessa de campos férteis enche os corações das pessoas, as flores inundam com milhares de flores os campos, os casais se formam e se unem graças ao encanto mágico da primavera. Tudo cresce. É a celebração do renascer da vida após a pausa invernal. Os Germânicos rendiam culto a Ostara, também chamada Eostre, deusa que deu seu nome à festa de Páscoa (Ēostre, quem está por trás do nome da Páscoa em inglês: Easter). Naquele período, nos quais os dias e as noites eram de mesma duração, era evidentemente a ocasião para celebrar a união do Pai-Céu e a Mãe-Terra, união que, nove meses mais tarde, durante o solstício de inverno, dará a luz ao Sol Invictus, filho do sol.
O solstício de verão é o momento no qual o sol se encontra em seu apogeu, marcando, para nossos ancestrais, um instante mágico durante o qual as forças solares estão ao máximo de suas capacidades. A natureza resplandece com força e com inigualável claridade. O verão traz consigo calor, alegria e abundância, elementos que ainda hoje encantam os veraneantes em busca da felicidade. Mas o solstício é um momento paradoxal do ano, já que no mesmo instante em que o Sol se encontra em seu ponto culminante, momento da vitória das forças solares sobre as do escuro inverno, o Sol anuncia já o destino inevitável de sua carreira cíclica e do declive que o espera. Os dias, pouco a pouco, começaram a ficar mais curtos, a luz diurna tomara o caminho do Crepúsculo dos Deuses. Para os Germânicos, era costume incendiar grandes rodas solares e lançá-las morros abaixo, o que simbolizava o aspecto fecundante do Sol e seu declive anunciado. Muitos rituais têm representado e continuam representando o Solstício de Verão. Nos países bálticos, onde o paganismo ainda segue vivo, o Solstício de Verão é uma autêntica festa nacional, as pessoas usam coroas feitas com folhas de carvalho, que simbolizam o Sol sagrado, dançam e cantam ao redor das fogueiras. Estas fogueiras se encontram por toda a Europa, onde os povos celebram a alegria do dia mais largo do ano. Os bailes em círculo, assim como as fogueiras, são hinos simbólicos ao Sol. O Cristianismo tentou também desviar e absorver o sentido destas festas, fazendo dela a festa de São João. Essas festas de São João têm, desde algumas décadas, tendências a voltar a suas verdadeiras raízes: pagãs. Um caso observável são Les Focs de la San Joan na Catalúnia do Norte. Esta festa não está ligada a nenhum santo cristão, e sim ao Deus Solar de todas as tradições pagãs da Europa: Apolo para os gregos, Belenos/Lugh para os celtas, Baldur na tradição germano-nórdica, Abelio para os celtiberos, Dazbog para os eslavos. Ainda que deva ser notado que, para os celtas, as 4 festas maiores não coincidem com as festas dos demais povos europeus, o que as vezes gera confusão.
A quarta festa é o equinócio de outono, que também é paradoxal.  Marca, por um lado, a abundância, já que é o momento de agradecer aos deuses pelas boas colheitas, mas por outro lado, esta festa marca o declive do Sol em sua carreira cíclica. A abundância nesta festa se encontra na Erntedankfest alemã, onde se agradece aos deuses pelas boas colheitas. Neste caso, o véu cristão é muito fino e é necessário de pouco para encontrar a origem real da celebração. Quando o sol enfraquece, só é necessário observar a Natureza para nos dar conta que os dias se fazem mais curtos, que as rosas caem das árvores, que o frio se faz sentir e que muitas plantas morrem. A morte está na esquina, é a época na qual as portas do além se abrem e se teme a todos os espectros. No mito europeu da Caça Selvagem, o deus Wotan cavalga Sleipnir contornando o céu do outono acompanhado de todos os guerreiros mortos em combate. Mas a morte não é definitiva, já que um velho dito pagão diz que é necessário morrer para renascer, como uma árvore que morre só em aparência, para renascer na seguinte primavera.
A este nível do nosso estudo, acabamos uma volta completa da nossa roda solar.
Esta roda solar esconde outro princípio fundamental que foi estudado pelo grande filósofo Heidegger. É o princípio do Ser e do Tempo (no sentido do tempo que passa). O eixo horizontal do símbolo representa o Tempo, ou seja, tudo o que muda, tudo o que é submetido aos caprichos do destino. O aspecto material está incluso neste eixo. Uma expressão do Tempo é, por exemplo, o corpo físico que nasce, cresce e finalmente desaparece. Enquanto o eixo vertical representa o Ser, o aspecto eterno e imutável, a força espiritual que emana de toda a vida. Mas ao contrário dos monoteísmos que separam as noções de corpo e espírito, a sabedoria pagã se reflecte no simbolismo da Roda Solar, demonstrando que o Tempo e o Ser são dois conceitos inseparáveis.
Segundo as explicações admitidas, o eixo horizontal seria de natureza feminina, enquanto o eixo vertical seria de natureza masculina. A imagem desse simbolismo é de carácter bastante sexual e está de acordo com outros símbolos relacionados aos eixos da roda solar que vimos aqui em cima (imagem). As quatro extremidades da Roda Solar nos conectam com o simbolismo do número 4, intimamente ligado à Terra. O círculo representa o Sol e o 4, a Terra. Temos este código numérico uma vez mais na presença da união do Sol com a Terra.
Precisamos dizer que este símbolo é comummente chamado de “cruz celta”, palavra que deveria ser empregada com prudência por várias razões:
– Este símbolo não é unicamente celta, e como já foi dito, se encontra em todas as culturas pagãs da Europa e em algumas fora dela.
– A cruz celta é uma evolução cristã da Roda Solar, na qual os eixos ultrapassam o círculo para acabar assemelhando-se à crucificação cristã, neste caso a simbologia pagã e cristã se misturaram.
Para concluir, podemos dizer que este símbolo milenar engloba todos os aspectos ligados aos ciclos solares, ao eterno retorno, ao ritmo natural dos elementos celestes em equilíbrio com os elementos terrestres e a harmonia perfeita entre todas as forças que regem o cosmos. É um hino à glória do Sol.

Link original: Symboles Païens et inscriptions runiques