terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A Roda do Ano


A concepção de tempo dos pagãos, principalmente a dos Celtas era um pouco diferente da actual. O tempo para eles, não era linear, mas circular; existia também o calendário, que era  lunar, enquanto que o nosso é solar.
Segundo a tradição celta os sabbaths ocorrem oito vezes ao ano, ou seja, duas vezes a cada estação. Nessas ocasiões, são homenageadas duas divindades: a Grande Mãe, ou simplesmente a “Deusa”, que simboliza a própria terra, e o Deus Cornífero (Cernunnos), protector dos animais, dos rebanhos e da vida selvagem.
O povo Celta, assim como outros povos de origem pagã, celebram o começo dos dias através do anoitecer. Quando os raios solares diminuem a sua intensidade ao cair da tarde é o momento de se preparar para mais um dia.
Cada anoitecer lembra que a Deusa reinará através da Lua, das emoções, e das intuições, mostrando-nos que enquanto os homens repousam depois de um dia intenso de trabalho, os sacerdotes e sacerdotisas começam o semear de um novo dia.
O Deus, que também descansa durante a escuridão, prepara-se para um novo nascer, para um novo brilhar, para um novo amanhecer.
Esse acordar e dormir, descansar e trabalhar, morrer e nascer fazem do dia e da noite momentos muito preciosos e de intensa união entre o masculino e feminino. É preciso que essas duas polaridades estejam em perfeita sintonia para que a Natureza se mantenha equilibrada.
Esses momentos de equilíbrio entre o dia e a noite, marcados pelo pôr do sol, a metade da noite, o nascer do sol e a metade do dia, são de extrema importância para a magia. Num suposto tempo linear: os quatro momentos principais seriam: 18h, meia noite, 6h e meio dia; e os secundários: 9h, 15h, 21h, e 3h.
Sabendo que tudo o que existe no macro-cosmos tem o seu correspondente no microcosmos, muitas vezes é preciso entender o micro para alcançarmos e sentirmos a importância do macro. Para muitas pessoas é mais fácil compreender o universo através de pequenos pormenores do dia-a-dia para ter uma noção verdadeira da extensão dos grandes momentos.
Existem quatro momentos do dia (24h) que são pontos vitais, e quatro pontos secundários que são os pontos de equilíbrio. Num processo de imagem reflectida para imagem projectada, temos no ano (365 dias) quatro momentos vitais: o primeiro dia do segundo, quarto, sétimo e décimo meses – dias que caem na divisão exacta do ano em quatro partes iguais, em quatro elementos. Temos, também, quatro momentos secundários: a entrada de cada uma das quatro estações, delimitadas pelos solstícios e equinócios. Assim, a roda do ano esta formada e em eterna harmonia com o universo.
Esta era a maneira de pensar e agir dos Celtas, que tinham o seu calendário assente nestes oito momentos do ano, quando se reuniam em clareiras e templos para festejar ritualmente essas datas. A cada uma delas deu-se um nome:

Samhain - O Fim e o Início de um Ano Novo 
 (31 de Outubro - Hemisfério Norte) e (30 de Abril - Hemisfério Sul)


Este é o mais importante de todos os Festivais, pois, dentro do círculo, Samhain (pronuncia-se SOUEN) marca tanto o fim quanto o início de um novo ano. Nesta noite, o véu entre o nosso mundo e o mundo dos mortos torna-se mais ténue, sendo o tempo ideal para nos comunicarmos com os que já partiram.
... E o ano chega ao fim! Os últimos alimentos são colhidos após o equinócio de outono, marcando o início dos meses em que viveremos com o que conseguimos colher. Os alimentos fornecidos pela Grande Deusa devem agora alimentar os seus filhos famintos e nutrir o Deus na sua caminhada pelo "outro mundo". O raio do trovão que atingiu o carvalho e fecundou a terra é a promessa do retorno do Deus através daquela que um dia foi a sua amante, mas que agora será a sua mãe: a Deusa. E assim o ciclo de vida, morte e renascimento volta a estabelecer o equilíbrio, a Roda do Ano.
O "Outro Mundo" celta, também conhecido como o Abismo, é um lugar entre os Mundos; uma mistura de paraíso e tormentos. É o lugar no qual todos procuramos respostas para nossas perguntas mais íntimas, onde a fantasia se mistura com a realidade e o consciente com o inconsciente. O Abismo é o local onde os heróis são levados para que possam enfrentar os seus maiores inimigos: os seus próprios fantasmas. Apenas vencendo esses fantasmas, que nada mais são que os seus medos, preconceitos e angústias, eles poderão regressar como verdadeiros heróis.
Esta é a simbologia do Santo Graal; uma procura interior
de algo que queremos erroneamente materializar neste mundo. Apenas os cavaleiros que ousarem atravessar os portais do "Outro Mundo" e vencerem a si próprios serão contemplados com o Graal.
Por isso, a Noite dos Ancestrais é um momento de nos lembrarmos daqueles que se foram e habitam o Outro Mundo. É a hora de honrarmos as pessoas que um dia amamos, deixando que elas nos visitem e comemorem connosco esse momento tão especial da Roda do Ano.
Samhain é o festival da morte e da alegria pela certeza do renascimento. O Deus morreu, e a Deusa, traz no ventre o seu amado, recolhe-se ao Mundo das Sombras para esperar pelo seu renascimento. Comemora-se aqui a ligação com os antepassados, com aqueles que já partiram e que um dia, como a natureza, renascerão. Os cristãos transformaram esta data no "Dia de Todos os Santos" e no "Dia de Finados", numa alusão supersticiosa a essa ligação.
É uma noite de alegria e festa, pois marca o início de um novo período nas nossas vidas, sendo comemorado com muito ponche, bolos e doces. A cor do sabbat é o negro, sendo o Altar adornado com maçã, o símbolo da Vida Eterna. O vinho é substituído pela sidra ou pelo sumo de maçã. Os nomes das pessoas que já se foram são queimados no Caldeirão, mas nunca com uma conotação de tristeza!
A Roda continua a girar para sempre. Assim, não há motivo para tristezas, pois aqueles que perdemos nessa vida irão renascer, e, um dia, nos encontraremos novamente, nessa jornada infinita de evolução.

Yule - Solstício de Inverno
(21 de Dezembro - Hemisfério Norte) e (21 de Junho - Hemisfério Sul)


É nesta data antiga que teve origem o Natal Cristão (no Hemisfério Norte). Nesta época, a Deusa dá à Luz o Deus. No Yule é o tempo de reencontrarmos as nossas esperanças, pedindo para que os Deuses rejuvenesçam os nossos corações e nos dêem forças para nos libertarmos das coisas antigas e desgastadas. É hora de descobrirmos a criança dentro de nós e renascermos com pureza e alegria.
Este dia também é chamado Alban Arthuan (A Luz de Arthur), na tradição druida. É o tempo da morte e do renascimento. O Sol parece abandonar-nos completamente, enquanto a noite mais longa chega até nós.O altar é decorado com frutos e flores da época. Os sinos são símbolos femininos de fertilidade, e anunciam os espíritos que possam estar presentes.
A árvore enfeitada é uma antiga tradição "pagã". A árvore era sagrada e os meses do ano tinham nomes de árvores. Esta é a noite mais longa do ano, onde a Deusa é venerada como a Mãe da Criança Prometida ou do Deus Sol, que nasceu para trazer Luz ao mundo.


Imbolc ou Candlemmas - Festa do Fogo, luz e Sol
(01 de Fevereiro - Hemisfério Norte) e (01 de Agosto - Hemisfério Sul)



Imbolc quer dizer: dentro do útero. O inverno ainda não foi embora, mas por baixo da neve a vida já floresce e ganha força. As coisas não acontecem visivelmente, mas já estão lá, latentes, pulsando, à espera do momento certo para vir à tona. A Deusa vagarosamente recupera-se do parto, e acorda sob a energia vitalizante do Sol.
Imbolc é também chamado o Festival das Luzes, em que se acendem velas por toda a casa, mais especialmente nas janelas, para anunciar a vinda do Sol e mostrar ao menino Deus o seu caminho.
Pedidos, agradecimentos ou poemas devem ser queimados na fogueira ou no caldeirão em oferenda, no fim do ritual. O Deus está a crescer e a tornar-se mais forte, para trazer a Luz de volta ao mundo. Pede-se protecção para a família e amigos. O altar é enfeitado com flores amarelas, alaranjadas ou vermelhas.

Ostara - Equinócio de Primavera 
 (21 de Março - Hemisfério Norte) e (21 de Setembro - Hemisfério Sul)

Pela primeira vez no ano o dia e a noite fazem-se iguais. É, portanto, uma data de equilíbrio e reflexão. Os dias escuros vão-se, e a terra está pronta para ser plantada. É quando Deus e a Deusa se apaixonam, e deixam de ser mãe e filho. Nessa data, a semente da vida é semeada no ventre da Deusa, a Donzela revigorada, cheia de vida e alegria.
O Deus é devidamente armado para sair na sua viagem pelo mudo das trevas e reconquistá-lo, para que posteriormente a luz volte a reinar.
Ostara é o Festival em homenagem à Deusa Oster (senhora da Fertilidade), cujo símbolo é o coelho. Foi desse antigo festival que teve origem a Páscoa.


Beltane – A Fogueira de Belenos
(01 de Maio - Hemisfério Norte) e (31 de Outubro ou 01 de Novembro - Hemisfério Sul)


Pronuncia-se Bioltuin (Be-All-Twin) É o festival do casamento entre o Deus e a Deusa, a Rainha de Maio, a Virgem.
Por ser uma data com um cunho profundamente sensual, foi talvez uma das que mais ataques e aproveitamento sofreu do lado dos cristãos. Assim, as fogueiras de Beltane e o Maypole (mastro adornado com fitas coloridas entrelaçadas) tornaram-se os elementos das festas dos santos "casamenteiros" cristãos, bem como o mês de Maio foi consagrado à Virgem Maria e tido como benévolo aos casamentos. Na tradição antiga as pessoas não se casavam durante o Beltane, pois esse mês é dedicado ao casamento do Deus e da Deusa.
Incitados pelas energias da Natureza, pela força das sementes e flores que desabrocham, a Deusa e o Deus apaixonam-se. Nesta data são celebrados rituais de fertilidade e imensas fogueiras são acesas. As fogueiras de Beltane simbolizam o calor da paixão, a intensidade da interacção entre a Deusa e o Deus, e a crescente fecundidade da Terra.
Belenos é o lado radiante do Sol, que voltou ao mundo na Primavera. Durante o Beltane acendem-se duas fogueiras, pois é costume passar entre elas para se livrar de todas as doenças e energias negativas. Nos tempos antigos, costumava-se passar o gado e os animais domésticos entre as fogueiras com a mesma finalidade. Daí veio o costume de "saltar a fogueira" nas festas de Junho.
Uma das mais belas tradições de Beltane é o MAYPOLE, ou Mastro de Fitas. Trata-se de um mastro enfeitado com fitas coloridas. Durante um ritual, cada membro escolhe uma fita da sua cor preferida ou ligada a um desejo. Todos devem girar à volta do mastro e assim entrelaçar as fitas, como se estivessem a tecer o próprio destino, colocando-nos sob a protecção dos Deuses.



Midsummer - Solstício de Verão
(21 de Junho - Hemisfério Norte) e (21 de Dezembro - Hemisfério Sul)


Neste dia o Sol atingiu a sua plenitude. É o dia mais longo do ano. O Deus chega ao ponto máximo de seu poder. Este é o único Sabbat em que às vezes se fazem feitiços, pois o seu poder mágico é muito grande.
Pedem-se coragem, energia e saúde. Mas não esquecendo que embora o Deus esteja na sua plenitude, é também o momento em que começa o seu declínio.
O Deus dá o último beijo na Deusa, e partirá no Barco da Morte, à procura da Terra do Verão.
Tudo no Universo é cíclico, não devemos só nos ligar à plenitude, mas também aceitar o declínio e a morte.
Costuma-se fazer um círculo de pedras ou de velas vermelhas. Queimam-se flores vermelhas ou ervas solares (como a Camomila).
A data era comemorada nos tempos antigos geralmente com jogos e festivais. O corpo e o físico são venerados nesta data.


Lughnasadh ou Lammas - Festa da Colheita
(01 de Agosto - Hemisfério Norte) e (01 de Fevereiro - Hemisfério Sul)


Lughnasadh era tipicamente uma festa agrícola, onde se agradecia a primeira colheita do ano. Lugh é o Deus Sol.
Na Cultura Celta, é o maior dos guerreiros, que derrotou os Gigantes que exigiam sacrifícios humanos do povo. A tradição pede que sejam feitos bonecos com espigas de milho ou ramos de trigo representando os Deuses, que nesse festival são chamados Senhor e Senhora do Milho.
Nesta data agradece-se tudo o que colhemos durante o ano, sejam coisas boas ou más, pois até mesmo os problemas são meios necessários para a nossa evolução.
O outro nome do Sabbat é Lammas, que significa "A Massa de Lugh". Isso deve-se ao costume de colher os primeiros grãos e fazer um pão que era dividido entre todos. Os celtas faziam um pão comunitário, que era consagrado com o vinho e repartido dentro do círculo.
O primeiro gole de vinho e o primeiro pedaço de pão devem ser atirados para dentro do Caldeirão, e serem queimados juntamente com papéis, onde estão escritos os agradecimentos, e grãos de cereais. O boneco que representa o Deus do milho também é queimado, para nos lembrar de que devemos nos livrar de tudo o que é antigo e desgastado para que possamos colher uma nova vida.
Este é o primeiro dos três Sabbats da colheita. O Deus já dominou o mundo das trevas, e agora passará por leves mudanças, o seu poder declina subtilmente com o passar dos dias. Por isso, o honramos, e agradecemos pela energia dada às colheitas.


Mabon  - Equinócio de Outono
(21 de Setembro - Hemisfério Norte) e (21 de Março - Hemisfério Sul)


Este é o segundo dos festivais da colheita (Samhain é o terceiro). A fraqueza do Deus já se sente, e as plantações vão aos poucos desaparecendo, enquanto os celeiros se enchem. Derrama-se leite sobre a terra para agradecer pela fertilidade e bondade da mesma.
No Panteão Celta, Mabon é também conhecido como Angus, o Deus do Amor. Nesta noite pedem-se harmonia no amor e protecção para as pessoas que amamos. Esta é a segunda colheita do ano. O Altar deve ser enfeitado com as sementes que renascerão na primavera. O chão deve ser forrado com folhas secas.
O Deus está em agonia e logo morrerá. Este é o Festival em que se pede pelos que estão doentes e pelas pessoas mais velhas, que precisam de ajuda e conforto. Também é neste festival que se homenageia as nossas Antepassadas Femininas, queimando papéis com os seus nomes no Caldeirão e dirigindo-lhes palavras de gratidão.
O período negro do ano aproxima-se aos poucos. É uma data especial para evocar espíritos familiares, guardiões e antepassados, pedir ajuda e aconselhamento no período mais negro da Roda, que em pouco tempo se fará sentir.

O estudo correcto dos mitos associados a cada festival, o seu simbolismo e a sua linguagem mágica, permite que tenhamos contacto com os seus significados mais profundos, trazendo assim a verdadeira compreensão dos mistérios.
A Celebração dos Festivais que compõem a Roda do Ano Celta devolve uma prática ancestral de Mistérios, a qual possibilita a quem os celebra a compreensão dos mais profundos significados do seu simbolismo.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A cultura megalítica europeia



A cultura megalítica europeia foi uma civilização pré-histórica e pré-literata baseada principalmente na Europa Ocidental e que deixou um legado de grandes monumentos de pedra (ou megálitos) dispersos através do continente. Calcula-se que as primeiras destas construções, encontradas na Península Ibérica, datem de aproximadamente 5000 a.C., antecipando desta forma as pirâmides do Antigo Egipto por cerca de dois milénios.

Constituídas originalmente de tumbas comunais e outras estruturas bastante simples, o desenho dos megálitos evoluiu posteriormente para incluir as fileiras de pedras da Bretanha e as centenas de círculos de rochas da ilhas britânicas, dos quais o mais famoso é Stonehenge. Muitas destas construções têm sido demonstradas por possuir significativos alinhamentos astronómicos, embora sua função ainda permaneça misteriosa – um facto que não impediu infindáveis especulações. Não obstante certo número de símbolos artísticos intrigantes e distintos terem sido descobertos, é praticamente certo que esta antiga cultura não tinha uma forma de escrita própria e consequentemente, temos de confiar quase que totalmente na arqueologia para revelar sua história.

Tipos de megálitos 

O tipo mais comum de construção megalítica na Europa é o dólmen – uma câmara consistindo de pedras colocadas em posição vertical (orthostats) com uma ou mais pedras de cobertura, formando um telhado. Muitas destas, embora não todas, contêm traços de restos humanos, e é discutido se o seu uso como local de sepultamento era sua função principal. Embora geralmente conhecidas por dolmens, existem muitos nomes locais como anta em Portugal, stazzone em Sardenha, hunnebed em Holanda, Hünengrab na Alemanha, dysser em Dinamarca e cromlech em Gales.
Outro tipo de monumento megalítico que ocorre através da área ocupada por esta cultura é a pedra vertical isolada, ou menhir. Foi demonstrada que algumas delas possuíam funções astronómicas como marcadores e em alguns sítios existem longos e complexos alinhamentos destas rochas – sendo um dos mais famosos o de Carnac na Bretanha e o nosso Cromeleque de Almendres.
Nas ilhas britânicas o tipo mais conhecido é o círculo de pedras (cromlech), do qual existem centenas de exemplos, incluindo Stonehenge e Avebury. Estes dois exibem evidência clara de alinhamentos astronómicos, tanto solar quanto lunar. Stonehenge, por exemplo, é famoso por seu alinhamento do solstício (embora se originalmente se destinava ao solstício de inverno ou de verão, é motivo de discussão). Exemplos de círculos de pedra, embora raros, também são encontrados na Europa Continental. 
 

Outras estruturas 

Associados com construções megalíticas através da Europa existem frequentemente grandes baluartes de vários desenhos – fossos e bancos, grandes terraços, áreas circulares conhecidas como henges e muitas vezes, outeiros artificiais.
Espirais eram, evidentemente, um motivo importante para os construtores megalíticos, e têm sido encontradas esculpidas em estruturas megalíticas por toda a Europa – juntamente com outros símbolos tais como bolinhas, padrões de olhos, ziguezagues em várias configurações e marcas de taça e anel. Embora claramente não seja uma forma de escrita no sentido moderno do termo, estes símbolos, não obstante, possuíam sentido para seus criadores e são notavelmente consistentes através de toda a Europa Ocidental.

Distribuição e desenvolvimento

A distribuição de construções megalíticas indica fortemente que esta cultura foi disseminada por marinheiros. Conjuntamente com os mais antigos sítios encontrados nas costas atlânticas da Bretanha e Portugal, datando de cerca de 4800 AC, as técnicas de construção e outros traços culturais espalharam-se gradualmente para outras áreas costeiras, e daí para o interior através dos grandes sistemas fluviais. Os arqueólogos geralmente distinguem cinco regiões geográficas dentro da cultura megalítica, que exibem certas características locais em acréscimo às tendências gerais continentais. São estas o Grupo Noroeste (norte da Alemanha, Países Baixos e Dinamarca), Grupo do Extremo Oeste (Grã-Bretanha), Grupo Centro-Oeste (noroeste de França), Grupo Sudoeste (Península Ibérica) e Grupo Mediterrâneo (Malta e Sardenha, Córsega e Ilhas Baleares e costas circundantes).
Quem criou a cultura megalítica não deixou registos decifráveis, sua filiação linguística permanece completamente obscura. Tem sido argumentado que a disseminação das línguas indo-europeias na Europa coincidiu com a introdução da agricultura durante o período Neolítico. Se assim for, os construtores de megálitos falavam um dialecto primitivo do indo-europeu, alguns termos nos quais podem ter sobrevivido em nomes de rios e outros acidentes geográficos através da Europa Ocidental. A cultura megalítica perdurou até o estágio do neolítico denominado explosão Bell-beaker há cerca de 2500 aC, a qual introduziu o período Calcolítico – uma fase preliminar da Idade do Bronze. Foi nesta era que se deu o  florescimento completo do desenho megalítico em áreas tais como as ilhas da Grã-Bretanha com seus círculos de pedra e a Bretanha com seus alinhamentos.
Por causa de inumações bem-preservadas deste período na Europa Setentrional, como a da mulher de Egtved na Dinamarca, sabemos algo sobre os estilos de vestuário usados por aquelas pessoas. A maioria dos ornamentos era feitos de lã, mas adornos pessoais de bronze, assim como braceletes, eram comuns.

Mitos modernos

Sendo uma civilização antiga e pouco conhecida, a cultura megalítica atraiu numerosos mitos através dos séculos. As indubitáveis funções astronómicas de muitas das estruturas têm gerado em tempos recentes especulações sobre leys e misteriosas energias telúricas, enquanto os próprios monumentos têm sido apropriados por diferentes grupos da Nova Era para seus fins específicos. Alguns, tais como as Rollright Stones na Inglaterra foram compradas por neo-pagãos. Existem também teorias que ligam a cultura megalítica com o mito da Atlântida.