sexta-feira, 16 de maio de 2014

Cromeleque da Portela de Modos


Este monumento é composto por cerca de 40 menires executados em blocos afeiçoados em granodiorito, mantidos verticalmente através da sua colocação em fossas coroadas á superfície com pequenos blocos pétreos. Apresentam-se formalmente divergentes entre si, seja ao nível da dimensão como da morfologia, embora pareça predominar a forma ovóide.
A maioria destes menires encontra-se disposta ao longo de uma elipse irregular - orientada, grosso modo, no sentido E.-O. -, com cerca de 15 m no seu eixo maior, ao passo que no seu eixo menor apresenta aproximadamente 12 m. É no interior desta elípse externa que se encontram colocados longitudinalmente 5 menires, definindo o maior deles o eixo N.-S. 
A nível de ornamentação,  alguns destes menires apresentam uma decoração realizada á sua superfície, previamente alisada para o efeito. No seu conjunto, visualizam-se as tradicionais "covinhas" no topo de três dos menires deste vasto monumento, enquanto noutros se observa um notório ecletismo temático e formal dessa mesma gramática decorativa, correspondente a diversas fases da sua edificação e fruição: báculos executados em relevo, conjuntos de linha incisas, ziguezagueantes e onduladas. De realçar será ainda o facto destas últimas representações surgirem sempre associadas a semicírculos e a representações antropomórficas. Para além destas temáticas, identificaram-se ainda representações solares precisamente no menir de maiores dimensões, ou seja, aquele que se encontra no centro da elipse interna do monumento.
Ainda em relação ao programa decorativo deste cromeleque, constatamos a presença de representações antropomórficas, figurando o nariz e os olhos de maneira circular em quatro dos seis menires de forma estelar, designados também de "estátuas-menires". Para além disso, uma destas estelas apresenta uma singular representação dos seios.
De realçar será ainda o facto de, em conjunto com dois monólitos pertencentes ao cromeleque dos Almendres, estas autênticas "estátuas-menires" revelam-se as primeiras estruturas deste tipo encontrados nesta zona e, na verdade, os únicos localizados "in situ" em toda a Península Ibérica.
Com efeito, trata-se de um caso singular de sobrevivência de um cromeleque com a mesma função religiosa para lá da sua construção inicial durante o Neolítico Médio, embora pareça ter ocorrido a destruição de alguns dos menires no Calcolítico, juntamente ao abandono de algumas práticas mágico-religiosas que lhe teriam conferido razão de ser. Assume-se de igual modo como o primeiro - até ao momento -, recinto religioso ao ar livre atribuído à Idade do Bronze do Sudoeste Peninsular, retomando, deste modo, as actividades mágico-religiosas para as quais tinha sido de início concebido e construído.
De todos os menires constituintes deste monumento, apenas 10 se encontram in situ.
Desde 1995 que se tem vindo procedido a algumas intervenções de restauro em todo este monumento. Delas, destacamos a anastilose realizada nos menires fragmentados, assim como a recolocação de outros 12 nas suas primitivas fossas de sustentação.

Fonte: http://www.igespar.pt