quinta-feira, 5 de junho de 2014

Raíz Ibérica




'Raíz Ibérica' ('Iberian Root') is a meeting of Iberian bands dealing with the myths, legends and origins of Iberia Peninsula (Spain & Portugal).
From delicate Folk tunes to Ur-Folk through more Natural-Ambient songs to even Ritual passages and traditional music. All bands involved have a deep connection with the old roots, stones and mountains forming this particular land.
This is the perfect compilation to be intruduced in Iberian folk nowadays. More if you're interested in the folk rooted on traditions, legends and old Gods...
Featuring Àrnica, Sangre de Muérdago, Urze de Lume, Keltika Hispanna, Stillme, Caelia, Azagatel, Wihinnei Rita, Cosmos, The Wyrm, Azagatel, Ángel Román.
Get ready to enter into hidden Iberia...


Released by:
AHNSTERN | SOLIFERRO GRABACIONES ÍBERAS


Listen the teaser:
http://www.mixcloud.com/gradualhate/va-ra%C3%ADz-ib%C3%A9rica/
CD comes with 16 pages booklet.


Buy:
http://www.gradualhate.info/ghrecords.html
http://www.steinklang.at/shop/index.php?main_page=product_music_info&cPath=1300&products_id=7070
 

Ataegina



Atégina ou Ataegina é a Deusa do renascimento, pois o seu nome é de origem celta e significaria renascida, ou seja, era uma Deusa ligada ao culto da fertilidade que tal como os frutos da terra que renascem todos os anos, também desaparecia sazonalmente no submundo para poder renascer. Também Deusa da natureza e da cura na mitologia lusitana. Viam-na como a Deusa lusitana da lua.
Não se sabe ao certo qual a origem do seu culto, provavelmente era uma Deusa indígena que foi primeiro celtizada, tal como indica o seu nome e depois romanizada. Esta Deusa acabou por ser conotada pelos Ibero-Romanos a Proserpina e a Libera. Com Proserpina, tinha a semelhança de ser Deusa da fecundidade dos campos e dela acabou por ganhar o carácter infernal que tinha como mulher de Plutão. Libera por seu lado era a primitiva Deusa da fecundidade agrária, irmã de Liber (Baco). Ataegina acabou assim por ficar associada a estas duas Deusas do panteão romano.
Para além do facto de ser uma Deusa da fecundidade, ligada ao renascimento da natureza e ao germinar das sementes, o seu carácter infernal fazia com que se lhe fossem consagradas devotio. A devotio era uma cerimónia religiosa que tinha como objectivo fazer mal a alguém convocando através de fórmulas as divindades infernais para que se apoderassem dessa pessoa. Esta devotio servia para lançar uma maldição, que poderia ir de pequenas pragas à morte. O animal consagrado a Ataegina era o bode ou a cabra.
Estão também atribuídas a esta Deusa características de Deusa infernal, pois foi encontrada uma inscrição de devotio na qual se lê:

 “Dea Ataecina Turi/brig(ae) Proserpina /per tuam maiestatem / te rogo oro obsecro / uti vindices quot mihi /furti factum est; quiquis / mihi imudavit involavit / minusce fecit [e]a[s res] q(uae) i(nfra) s(criptae) s(unt) /túnicas VI, [p]aenula / lintea II, in[dus]ium ~rabo~/ius I. C…m ignoro i…ius.

(Deusa Ataecina Turubriga Proserpina, pela tua majestade eu peço, rezo e imploro que vingues o roubo que me foi feito. Quem quer que me tenha subtraído, roubado, pilhado as coisas abaixo vão descritas: seis túnicas, dois mantos de linho, uma peça de roupa interior…).

Ataegina e Endovélico, formavam um par divino que reinava nos Infernos.
Em algumas inscrições, esta Deusa acabou também por aparecer ligada à medicina, sendo apelidada pelos dedicadores de Servatrix, ou seja, conservadora da saúde dos homens. Tal como ao Deus Endovélico, também era vasto o grupo de pessoas que se dirigiam a Ataegina, escravos, homens livres, indígenas e romanos.
Em algumas inscrições o nome da Deusa aparece apenas representado por um A, o que mostra a familiaridade com esta Deusa e vários são os epítetos a ela atribuídos, tal como Dea, Domina, Sancta, Invicta, Servatrix, provando assim a sua importância. Muitas vezes esta Deusa é representada com um ramo de cipreste.
Ataegina era venerada na Lusitânia e na Bética, onde existiram santuários dedicados a esta Deusa, especialmente em Turóbriga, de onde seria natural, cidade que segundo Plínio se situava na Beturia Céltica, região na margem do rio Guadiana. Também em Elvas (Portugal), Mérida e Cáceres, na Extramadura espanhola, além de outros locais, especialmente perto do Rio Guadiana, esta Deusa era venerada. Ela era uma das principais Deusas em locais como Myrtilis (Mértola dos dias de hoje), Pax Julia (Beja), ambas cidades em Portugal.

História de Ataegina e Endovélico

No Equinócio de Outono, celebra-se o ritual que representa a descida de Ataegina ao Submundo. Segundo o que nos conta a tradição, Ataegina desce ao Submundo, em busca de Seu Amado Endovélico, que havia sido morto por um grande javali (que simboliza as Forças da Destruição, que desfazem a forma para que a essência possa renascer). Ataegina desce e encontra-se com seu amado, agora Senhor do Mundo dos Mortos: Enobólico, o Muito Negro. Ela, que é a força que a tudo vivifica, ao mergulhar nas trevas da Morte, abandona o Mundo dos Vivos à escuridão.
A imagem da Deusa fica sobre o altar nos meses claros do ano, mas no Equinócio de Outono, ritualiza-se a descida de Ataegina, guardando com segurança a imagem da Deusa, junto com a imagem de Endovélico, que é também guardada na véspera, quando se ritualiza a morte e descida do Deus ao Submundo, pela força do Javali Negro. Os ícones dos Deuses ficam guardados no sacrário durante os meses escuros e só são retirados seis meses depois, no Equinócio de Primavera, a Festa do Desabrochar da Vida.
Sempre que Ataegina desce, confio à Deusa e Senhora Nossa as sementes de meus sonhos. Pois Ataegina é, então, a própria Semente: que em busca de florescer novamente em Amor e Beleza, junto a Seu Amado, se enterra no Ventre Sepulcral da Terra Mãe. A semente, debaixo da terra, será roçada pelas Forças de Destruição do Submundo, que farão a casca da semente se putrefazer. Nesse processo, ela passará por dor e medo, numa verdadeira alquimia, no Caldeirão da terra, vermes e humidade do Ventre da Velha Dana. E deste caos germinal, surgirá o broto verde que se elevará, em busca do Sol: Endovélico (o que floresce), que aí sim, terá voltado a brilhar sobre a superfície. O broto crescerá, recebendo os beijos cálidos de Endovélico. O botão logo se mostrará por entre as folhagens, e eis que, no tempo certo, florescerá, e a Deusa, assim, retornará aos seus filhos, a Renascida, a Flor plena de Vida, Alegria, Beleza e Amor, Ataegina!
E junto com a Deusa, florescerão os sonhos que este filho devoto lhe confiou, e que junto com Ela, festejará a realização de cada um deles, assim como também aprenderá com Ela sobre a não realização daqueles que não vingarem, pois Ataegina é Senhora da Terra, da Lua e do Submundo, Deusa Tripla que reina sobre todos os Mundos, e que conhece o que vai nas profundezas subterrâneas de nosso inconsciente, no íntimo de nossa alma, e Sabedora disso, concederá sempre os frutos apropriados para a nossa colheita.

Trebaruna



 
TREBARUNA – Deusa cujo nome significa, segundo Leite de Vasconcelos, “Segredo da Casa” ( do celta “Trebo” = Casa, Lar, e “Rune” = Segredo, Mistério ). 
Trebaruna seria assim o Espírito do Lar, uma deusa Doméstica, passando depois para a sua função mais conhecida de Deusa Guerreira, da batalha e da morte em batalha. Não vemos, no entanto, a necessidade de qualquer transformação da parte da Deusa, no sentido de uma evolução de Guardiã do Lar para Deusa da Guerra: as duas funções podem perfeitamente coexistir o tempo todo na mesma mesma Divindade. Isto faz com que seja considerada uma versão lusitana das Deusas célticas da Guerra e da Magia: Morrigú, ou Morrighan, Macha e Badb Catha.
Trata-se de uma Divindade adorada pelos lusitanos, assim como também pelos romanos invasores com um profundo respeito, como atestam as várias inscrições em aras votivas encontradas pela península, como a de Cáceres, datada de entre os séculos I e II d.e.c. ( depois da era comum ): “A AUGUSTA TREBARUNA Marcus Fidius Macer filho de Fidius e inscrito na tribo Quirina magistrado III vezes duúnviro II vezes intendente das construções”.
O que chama a atenção é o epíteto “AUGUSTA”, particularmente evocativo de grandeza. O lobo é uma zoofania própria de Trebaruna.

Dois altares dedicados à deusa já foram encontrados em Portugal, um em Proença-a-Velha (antigamente Egitânia) e outro em Lardosa. Este último tinha as inscrições "TREBARONNE VS (votum solvit) OCONUS OCONIS F (filius)", ou seja "A Trebaruna confirmou seu voto Oconus, filho de Oco". No sítio arqueológico de Cabeço das Fráguas, localizado no município de Guarda, há uma figura que mostra o sacrifício de uma ovelha com a inscrição "Trebarune", sendo que a terminação "-e" indicava o caso dativo do lusitano.