quinta-feira, 5 de junho de 2014

Trebaruna



 
TREBARUNA – Deusa cujo nome significa, segundo Leite de Vasconcelos, “Segredo da Casa” ( do celta “Trebo” = Casa, Lar, e “Rune” = Segredo, Mistério ). 
Trebaruna seria assim o Espírito do Lar, uma deusa Doméstica, passando depois para a sua função mais conhecida de Deusa Guerreira, da batalha e da morte em batalha. Não vemos, no entanto, a necessidade de qualquer transformação da parte da Deusa, no sentido de uma evolução de Guardiã do Lar para Deusa da Guerra: as duas funções podem perfeitamente coexistir o tempo todo na mesma mesma Divindade. Isto faz com que seja considerada uma versão lusitana das Deusas célticas da Guerra e da Magia: Morrigú, ou Morrighan, Macha e Badb Catha.
Trata-se de uma Divindade adorada pelos lusitanos, assim como também pelos romanos invasores com um profundo respeito, como atestam as várias inscrições em aras votivas encontradas pela península, como a de Cáceres, datada de entre os séculos I e II d.e.c. ( depois da era comum ): “A AUGUSTA TREBARUNA Marcus Fidius Macer filho de Fidius e inscrito na tribo Quirina magistrado III vezes duúnviro II vezes intendente das construções”.
O que chama a atenção é o epíteto “AUGUSTA”, particularmente evocativo de grandeza. O lobo é uma zoofania própria de Trebaruna.

Dois altares dedicados à deusa já foram encontrados em Portugal, um em Proença-a-Velha (antigamente Egitânia) e outro em Lardosa. Este último tinha as inscrições "TREBARONNE VS (votum solvit) OCONUS OCONIS F (filius)", ou seja "A Trebaruna confirmou seu voto Oconus, filho de Oco". No sítio arqueológico de Cabeço das Fráguas, localizado no município de Guarda, há uma figura que mostra o sacrifício de uma ovelha com a inscrição "Trebarune", sendo que a terminação "-e" indicava o caso dativo do lusitano.

Sem comentários:

Enviar um comentário