TREBARUNA – Deusa cujo nome significa, segundo Leite de Vasconcelos,
“Segredo da Casa” ( do celta “Trebo” = Casa, Lar, e “Rune” = Segredo,
Mistério ).
Trebaruna seria assim o Espírito do Lar, uma deusa
Doméstica, passando depois para a sua função mais conhecida de Deusa
Guerreira, da batalha e da morte em batalha. Não vemos, no entanto, a
necessidade de qualquer transformação da parte da Deusa, no sentido de
uma evolução de Guardiã do Lar para Deusa da Guerra: as duas funções
podem perfeitamente coexistir o tempo todo na mesma mesma Divindade.
Isto faz com que seja considerada uma versão lusitana das Deusas
célticas da Guerra e da Magia: Morrigú, ou Morrighan, Macha e Badb
Catha.
Trata-se de uma Divindade adorada pelos lusitanos, assim como
também pelos romanos invasores com um profundo respeito, como atestam as
várias inscrições em aras votivas encontradas pela península, como a de Cáceres, datada de entre os séculos I e II d.e.c. ( depois da era
comum ): “A AUGUSTA TREBARUNA Marcus Fidius Macer filho de Fidius e
inscrito na tribo Quirina magistrado III vezes duúnviro II vezes
intendente das construções”.
O que chama a atenção é o epíteto “AUGUSTA”,
particularmente evocativo de grandeza. O lobo é uma zoofania própria de
Trebaruna.
Dois altares dedicados à deusa já foram encontrados em Portugal, um em Proença-a-Velha (antigamente Egitânia) e outro em Lardosa. Este último tinha as inscrições "TREBARONNE VS (votum solvit) OCONUS OCONIS F (filius)", ou seja "A Trebaruna confirmou seu voto Oconus, filho de Oco". No sítio arqueológico de Cabeço das Fráguas, localizado no município de Guarda, há uma figura que mostra o sacrifício de uma ovelha com a inscrição "Trebarune", sendo que a terminação "-e" indicava o caso dativo do lusitano.
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