sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Os primeiros alfabetos na Ibéria

Os Ibéricos tinham uma língua pré-romana própria, ainda que apenas se tenham decifrado poucas inscrições encontradas. Isto demonstra que eram um povo culto, com algum ordenamento urbano nos seus povoados e tinham os seus próprios rituais e religião. Os Iberos conheceram a escrita através dos povos gregos e fenícios. Algumas palavras têm uma ligação directa com o alfabeto fenício na sua vertente mais arcaica, mas também foram adicionadas vogais gregas e podem-se encontrar parecenças com alguns testemunhos escritos da Ásia Menor. Um dado curioso é que existia dois tipos de alfabetos próprios: o meridional ou tartésico e o levantino ou oriental; que por sua vez indiciam uma separação de culturas dentro da península.
 

Muito menos conhecida que a levantina por causa das poucas inscrições conhecidas e da grande variedade e formas dos símbolos, a meridional surge na área tartésica, mesmo sendo indecifrável sabemos que se escrevia da direita para a esquerda, foram ainda encontradas escrituras em espiral e no sistema bustrofedónico, "como ara el buey", sistema de escritura caracterizado por combinar o sentido da escrita das linhas alternado (da esquerda para a direita; direita para a esquerda; esquerda para direita...) invertendo sempre o sentido da linha anterior).
A escritura meridional foi utilizada na Alta Andalucía e no sudeste, persistindo até ao inicio da época romana. Outro dos achados surpreendentes na câmara de Arjona foi uma inscrição em Ibero meridional, na tampa de uma urna de chumbo. Nesta aparece o que poderá ter sido o nome incompleto de um príncipe ali enterrado com a sua família, "...ILTIR filho de EKATERUTU, foi a primeira vez que foi documentado um nome Ibero.
 

Ibero levantina: inscrições em escrita semi-silábica ibérica e na língua ibérica, , quase sempre escrito da esquerda para a direita. Documentada entre os séculos IV a.C. e I a.C. Antes da segunda guerra púnica o seu uso limitava-se à zona costeira desde o sul de França (do río Orb: Béziers/ Narbonne) ao norte da província de Valência. Posteriormente o seu uso estendeu-se para sul até Múrcia incluindo Granada (pese que apenas está documentado, a "ceca de Granada" deve de estar escrita em levantino) y até ao interior, especialmente no valle del Ebro com testemunhos decrescentes que chegam a Aragón e Navarra.
Estrabão disse que os Iberos tinham musicas e leis escritas em verso, para assim facilitar a sua aprendizagem pelo povo, conhecem-se alguns documentos, como os chamados "plomos de Gádor e La Bastida de Mogente" e alguns pratos ornamentados com pequenas inscrições, mas que na maioria dos casos tratam-se apenas de palavras soltas, inúteis para qualquer tentativa de tradução, já que a respeito do idioma escrito Ibérico pouco se sabe incluindo o ponto em que se separam as palavras. Apesar dos numerosos restos recuperados, o significado das línguas Ibéricas ainda é uma incógnita.

O Lusitano: foi uma língua indo-europeia ocidental atestada em quatro inscrições encontradas na bacia média do Tejo. Alguns investigadores defendem a sua "celticidade" apesar do facto de se conservar a identidade indo-europeia.
 
  

 O mapa linguístico acima, também é étnico (pelo menos na maioria dos casos), porque àquele tempo as "aculturações" eram muito mais raras e escassas, logo era mais difícil um povo perder a sua língua original pela de outro povo invasor (romano, por exemplo).
de qualquer modo, repare-se, por exemplo, no Sul da Lusitânia, que apesar de ter sido parcialmente "celtizado", não era de etnia indo-europeia (turdetana?)
as zonas marcadas a rosa e "ameixa" não são zonas indo-europeias, tal como o País Basco (amarelo claro) ou enclaves no extremo-sul da Espanha (cor-de-laranja, ocupação fenícia)
as zonas marcadas a verde (escuro e claro) são zonas indo-europeias.
as zonas onde haviam idiomas ou dialectos celtas são indicados no mapa pela letra "C"
a Lusitânia propriamente dita falava um idioma não-céltico, mas indo-europeu, apesar de se discutir muito sobre o alegado "celtismo" dos Lusitanos.
é discutível se a área Lusitana chegava à zona de Lisboa e da Estremadura, mas também não é essencial.
na antiga Galécia histórica falava-se o idioma celta Galaico, provavelmente relacionado com o ramo gaélico.
Mais a Sul da Lusitânia, no Alentejo Central e área do Guadiana (ambos os lados da fronteira entre os estados português e espanhol) falavam-se dialectos celtas, já na zona do Baixo Alentejo e Algarve (ocupação turdetana) apesar de não ser uma área indo-europeia, falava-se um dialecto celta ou celtizado, conforme vem devidamente explicado na própria legenda.


 

Sem comentários:

Enviar um comentário