segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A cultura megalítica europeia



A cultura megalítica europeia foi uma civilização pré-histórica e pré-literata baseada principalmente na Europa Ocidental e que deixou um legado de grandes monumentos de pedra (ou megálitos) dispersos através do continente. Calcula-se que as primeiras destas construções, encontradas na Península Ibérica, datem de aproximadamente 5000 a.C., antecipando desta forma as pirâmides do Antigo Egipto por cerca de dois milénios.

Constituídas originalmente de tumbas comunais e outras estruturas bastante simples, o desenho dos megálitos evoluiu posteriormente para incluir as fileiras de pedras da Bretanha e as centenas de círculos de rochas da ilhas britânicas, dos quais o mais famoso é Stonehenge. Muitas destas construções têm sido demonstradas por possuir significativos alinhamentos astronómicos, embora sua função ainda permaneça misteriosa – um facto que não impediu infindáveis especulações. Não obstante certo número de símbolos artísticos intrigantes e distintos terem sido descobertos, é praticamente certo que esta antiga cultura não tinha uma forma de escrita própria e consequentemente, temos de confiar quase que totalmente na arqueologia para revelar sua história.

Tipos de megálitos 

O tipo mais comum de construção megalítica na Europa é o dólmen – uma câmara consistindo de pedras colocadas em posição vertical (orthostats) com uma ou mais pedras de cobertura, formando um telhado. Muitas destas, embora não todas, contêm traços de restos humanos, e é discutido se o seu uso como local de sepultamento era sua função principal. Embora geralmente conhecidas por dolmens, existem muitos nomes locais como anta em Portugal, stazzone em Sardenha, hunnebed em Holanda, Hünengrab na Alemanha, dysser em Dinamarca e cromlech em Gales.
Outro tipo de monumento megalítico que ocorre através da área ocupada por esta cultura é a pedra vertical isolada, ou menhir. Foi demonstrada que algumas delas possuíam funções astronómicas como marcadores e em alguns sítios existem longos e complexos alinhamentos destas rochas – sendo um dos mais famosos o de Carnac na Bretanha e o nosso Cromeleque de Almendres.
Nas ilhas britânicas o tipo mais conhecido é o círculo de pedras (cromlech), do qual existem centenas de exemplos, incluindo Stonehenge e Avebury. Estes dois exibem evidência clara de alinhamentos astronómicos, tanto solar quanto lunar. Stonehenge, por exemplo, é famoso por seu alinhamento do solstício (embora se originalmente se destinava ao solstício de inverno ou de verão, é motivo de discussão). Exemplos de círculos de pedra, embora raros, também são encontrados na Europa Continental. 
 

Outras estruturas 

Associados com construções megalíticas através da Europa existem frequentemente grandes baluartes de vários desenhos – fossos e bancos, grandes terraços, áreas circulares conhecidas como henges e muitas vezes, outeiros artificiais.
Espirais eram, evidentemente, um motivo importante para os construtores megalíticos, e têm sido encontradas esculpidas em estruturas megalíticas por toda a Europa – juntamente com outros símbolos tais como bolinhas, padrões de olhos, ziguezagues em várias configurações e marcas de taça e anel. Embora claramente não seja uma forma de escrita no sentido moderno do termo, estes símbolos, não obstante, possuíam sentido para seus criadores e são notavelmente consistentes através de toda a Europa Ocidental.

Distribuição e desenvolvimento

A distribuição de construções megalíticas indica fortemente que esta cultura foi disseminada por marinheiros. Conjuntamente com os mais antigos sítios encontrados nas costas atlânticas da Bretanha e Portugal, datando de cerca de 4800 AC, as técnicas de construção e outros traços culturais espalharam-se gradualmente para outras áreas costeiras, e daí para o interior através dos grandes sistemas fluviais. Os arqueólogos geralmente distinguem cinco regiões geográficas dentro da cultura megalítica, que exibem certas características locais em acréscimo às tendências gerais continentais. São estas o Grupo Noroeste (norte da Alemanha, Países Baixos e Dinamarca), Grupo do Extremo Oeste (Grã-Bretanha), Grupo Centro-Oeste (noroeste de França), Grupo Sudoeste (Península Ibérica) e Grupo Mediterrâneo (Malta e Sardenha, Córsega e Ilhas Baleares e costas circundantes).
Quem criou a cultura megalítica não deixou registos decifráveis, sua filiação linguística permanece completamente obscura. Tem sido argumentado que a disseminação das línguas indo-europeias na Europa coincidiu com a introdução da agricultura durante o período Neolítico. Se assim for, os construtores de megálitos falavam um dialecto primitivo do indo-europeu, alguns termos nos quais podem ter sobrevivido em nomes de rios e outros acidentes geográficos através da Europa Ocidental. A cultura megalítica perdurou até o estágio do neolítico denominado explosão Bell-beaker há cerca de 2500 aC, a qual introduziu o período Calcolítico – uma fase preliminar da Idade do Bronze. Foi nesta era que se deu o  florescimento completo do desenho megalítico em áreas tais como as ilhas da Grã-Bretanha com seus círculos de pedra e a Bretanha com seus alinhamentos.
Por causa de inumações bem-preservadas deste período na Europa Setentrional, como a da mulher de Egtved na Dinamarca, sabemos algo sobre os estilos de vestuário usados por aquelas pessoas. A maioria dos ornamentos era feitos de lã, mas adornos pessoais de bronze, assim como braceletes, eram comuns.

Mitos modernos

Sendo uma civilização antiga e pouco conhecida, a cultura megalítica atraiu numerosos mitos através dos séculos. As indubitáveis funções astronómicas de muitas das estruturas têm gerado em tempos recentes especulações sobre leys e misteriosas energias telúricas, enquanto os próprios monumentos têm sido apropriados por diferentes grupos da Nova Era para seus fins específicos. Alguns, tais como as Rollright Stones na Inglaterra foram compradas por neo-pagãos. Existem também teorias que ligam a cultura megalítica com o mito da Atlântida.

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