Minas de sal |
Uma das culturas primitivas mais importantes,
geralmente reconhecida como pertencente aos Celtas, é a cultura de Hallstatt,
que vai desde o Bronze tardio até ao início da Idade do Ferro. Este nome vem da
necrópole de uma antiga comunidade mineira de sal nos Alpes Austríacos, que foi
escavada entre 1846 e 1863.
Hallstatt
tornou-se rica através do comércio de sal e as sepulturas dos seus habitantes
continham oferendas ricas, incluindo longas espadas de corte, que os
arqueólogos imediatamente reconheceram de descrições sobre armas celtas em
antigas fontes dos Gregos. Embora Hallstatt tenha uma sonoridade muito
germânica é, na realidade, um nome de um local celta, querendo dizer
"local de sal". A cultura de Hallstatt divide-se em quarto fases,
Hallstatt A (1.200-1.000 a.C.), B (1.000-800 a.C.), ambas do fim da Idade do
Bronze e C (800-600 a.C.) e D (600-450 a.C.), do princípio da Idade do Ferro.
Esta cultura desenvolveu-se primeiro ao longo do Danúbio, na Áustria, assim como
no Sul da Alemanha e na Boêmia, como parte do complexo de campos de urnas, mas só
nas fases da Idade do Ferro é que desenvolveu um carácter realmente distinto. A
cultura de Hallstatt da Idade do Ferro tornou-se muito influente, difundindo-se
pela maior parte da Alemanha e Países Baixos, Suíça, França, Espanha, Portugal
e Sudeste da Grã-Bretanha em 500 a.C.
Graças aos testemunhos dos escritos dos Gregos
antigos, sabe-se que os povos do centro de Hallstatt eram Celtas, apesar de a
cultura Hallstatt não ser idêntica, isto é, o aparecimento da cultura não marca
o surgimento dos grupos de língua celta. A difusão da cultura foi, mais
provavelmente, o resultado do comércio e contacto social entre grupos que já
falavam línguas celtas e partilhavam valores similares, do que de migrações
para fora do centro de Hallstatt. Mesmo quando a cultura de Hallstatt
estava no seu auge, havia grupos que falavam celta que não estavam sobre a sua
influência; a Ibéria adoptou-a selectivamente, já a Irlanda não.
Pouco existe que possa distinguir a fase inicial
da cultura Hallstatt, do resto do complexo de campos de urnas. A influência
destes campos entrou em declínio no período B da cultura Hallstatt, quando
apareceram estilos distintos de armas, incluindo uma espada mais longa e
esguia. A mudança mais dramática seguiu-se à introdução do trabalho em ferro na
Europa Central, no século VIII. A paisagem do centro de Hallstatt na Áustria,
Sul da Alemanha e Boêmia, começou a ser cada vez mais dominada por fortes em
Colinas. À volta destes fortes agrupavam-se sepulturas com mamoas ricamente
adornadas, tendo os mais ricos muitas vezes equipamentos de cavalos e carros funerários
de quarto rodas. A prática de colocar veículos nas sepulturas da elite,
tornou-se uma velha característica celta, apesar das quadrigas de duas rodas
substituírem, mais tarde, esses carros. Estes progressos são a evidência do
aparecimento de uma sociedade marcadamente hierárquica e centralizada, de
poderosos e ricos chefes de clã. A mudança dos enterros de cremação e dos tempos
dos campos de urnas funerárias para a inumação, aponta para maiores
mudanças nos sistemas de crenças que acompanham as mudanças sociais.
A causa desta transformação da sociedade de
Hallstatt não é clara. Uma possibilidade é a disponibilidade de armas mais
eficazes, que permitiam à elite guerreira a obtenção de um poder mais forte. A
evidente importância do cavalo na cultura C de Hallstatt é o surgimento da
espada longa de corte que servia à cavalaria de combate, levou a sugerir que as
mudanças podiam estar relacionadas com a chegada dos cavaleiros nómadas
indo-iranianos, chamados cimérios, que dominaram o Oeste das estepes da Eurásia
nesta altura. Os imigrantes cimérios podem ter sido assimilados com a elite
guerreira e introduzido os novos costumes funerários, sendo a inumação o meio
normal entre os nómadas indo-iranianos para acomodar os mortos.
Cultura de Hallstatt (Ramsauer) |
Por outro lado, a elite indígena pode
simplesmente ter adoptado estes costumes estranhos e exóticos dos cimérios como
meio de ostentar e reforçar o seu estatuto. Outro factor possível no nascimento
da cultura C de Hallstatt foi, provavelmente, o resultado de uma crescente
população. Em todas as sociedades pré-industriais a produção agrícola era de
longe a mais importante fonte de riqueza. O nível de produção agrícola estava
directamente ligado ao esforço humano e animal, que era aplicado na terra,
portanto, quanto maior fosse a população, maior a força de trabalho, maior a
produção e o excedente para a elite tirar para si, dos camponeses
trabalhadores.
(Esta foi a razão por que todas as civilizações
nasceram em planícies férteis, como a Mesopotâmia, que podia facilmente
suportar populações muito densas, mesmo usando técnicas agrícolas simples.)
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