O Portador da Luz
O nome “
Lúcifer” é muitas vezes empregado como
referência a Satanás, mas não existe qualquer fundamento bíblico que
sustente esta ideia. A palavra "Lúcifer" é uma má tradução de algumas
Bíblias da palavra hebraica
hêlîl .
Isaías 14:12: “Como caíste do céu, ó Lúcifer, tu que ao ponto do dia parecias tão brilhante?”
Versões bem conhecidas traduzem esta palavra como a "estrela da manhã."
Como
tantos outros erros de tradução, este com séculos de consequências
apresenta-nos barreiras culturais de intrínsecas histórias tão difíceis
de contestar como de provar. No entanto, no verdadeiro significado da
palavra e em termos linguísticos e etimológicos, o nome Lúcifer não
deveria ser nem associado a Satanás nem a
qualquer conotação negativa.
É interessante referir que o Novo
Testamento fala sobre a "estrela da alva" (2 Pedro 1:19) e a "estrela da
manhã" (Apocalipse 2:28; 22:16). Em todas estas passagens,
evidentemente, a estrela da manhã não é Satanás, ou qualquer outra
criatura diabólica.
“Lúcifer” é uma palavra latina que
significa “portador da luz" (Vem do latim, lux, lucis = luz; ferre =
carregar) cuja correspondente em grego é "phosphoros", significa "o
portador do archote" ou "o portador da luz".
Além destas noções,
existe ainda outra, sendo esta a que mais me apraz. Lúcifer foi um nome
dado pelos latinos ao planeta Vénus. Vénus, devido à sua proximidade do
sol, torna-se visível quando este se encontra no horizonte, durante o crepúsculo, sejam, esses matutinos ou vespertinos. Daí ser conhecido
como a estrela da manhã, e também como a estrela vespertina. Ao
amanhecer, a "estrela" Vénus surge no horizonte antes do "nascimento" do
sol. É como se fizesse o papel de arauto do sol, despertando o astro
rei do seu sono nas regiões abissais e anunciando, de manhã, a chegada
do sol. Ao entardecer, Vénus "empurra" o Sol novamente para as regiões
obscuras. Talvez tenha surgido daqui a noção de que Vénus ou Lúcifer,
estrela da manhã "carrega" o archote, ou, o sol...
No entanto,
Satanás é igualmente conhecido como Lúcifer, nome atribuído ao anjo
caído, da ordem dos Querubins, como descrito no texto Bíblico do Livro
de Ezequiel.
De acordo com a mitologia estabelecida
pela igreja católica, Lúcifer era o mais forte e o mais belo de todos os
Arcanjos. Deus, concedeu-lhe, então, uma posição de destaque entre
todos os seus auxiliares. Segundo a mesma, este orgulhava-se do seu
poder, não aceitava servir uma criação de Deus,"O Homem" e revoltou-se
contra o Altíssimo. O Arcanjo Miguel liderou as hostes de Deus na luta
contra Lúcifer e as suas legiões de anjos corrompidos, derrotando-os e
expulsando-os do céu. Desde então, o mundo vive em guerra eterna entre
Deus e o Diabo. De um lado Lúcifer e suas legiões tentam corromper as
criaturas mortais, obra de Deus, e do outro lado, Deus, os anjos,
arcanjos, querubins e Santos travam batalhas diárias contra as forças do
Mal (personificado em Lúcifer).
Analisemos então o significado de Diabo e de Satanás.
Pois
bem, Diabo significa Acusador, palavra que descontextualizada poderá
soar, de facto, mal. Eras algumas atrás, acusar era sinónimo de poder e
poder não era propriamente sinónimo de justiça, uma vez que
comparativamente aos nossos dias, esse não se estendia muito para além
do círculo religioso estabelecido.
Temos ainda Satanás, que
tem origem na palavra Satã, que por sua vez significa Adversário. Mais
uma vez, se contextualizarmos a utilização da palavra Satanás na era em
que esta se conotou negativamente, percebemos a força que a religião da
época terá imposto sobre tais conotações, uma vez que visava destruir
qualquer vislumbrado adversário que ameaçasse abalar tal super potência.
Como
seria de esperar, a linguística destes dois nomes evoluiu de acordo com
a sua utilização e poderá ser fácil encontrar definições diversas em
termos da sua significado. Encontramos como definição mais
vulgarizada nos nossos dicionários, Diabo como sendo o Caluniador e
Satanás como sendo o Demónio. Definições adquiridas e não directamente
associadas à origem das palavras em si. Tudo é, evidentemente,
discutível e tais novas definições, marcadas pela era cristã, não
poderão ser consideradas menos válidas que todas as outras.
No Apocalipse 22:16 está escrito: "Eu, Jesus, … sou a raiz e o descendente
de Davi, sou a estrela radiosa da manha." — Isto remete-nos para uma
discussão interessante, se o próprio Jesus se auto denominou a estrela da manhã, que também é Lúcifer, este nome não deveria ter sido
associado ao mal de forma alguma!
Ao pesquisar sobre esta palavra,
descobri ainda facto curioso: um Bispo que se chamava Lúcifer, de
Cagliari, na Sicília, de 370 a 371, montou uma doutrina contrária a todo
e qualquer contacto com os idólatras.
As origens do nosso povo lusitano remetem,
exactamente para um povo que adorava Lúcifer, os Lusos da península
Ibérica.
Ficam então aqui alguns factos históricos relativos a tal povo do qual somos oriundos:
Os
lusitanos constituíam um conjunto de povos de origem indo-europeia, e
habitavam no oeste da Península Ibérica no que hoje é Portugal e parte
da Estremadura espanhola.
A figura mais notável entre os lusitanos
foi Viriato, um dos seus líderes no combate aos romanos. Este chefiava a
tribo dos lusitani, considerada por alguns autores a maior das tribos
ibéricas, com a qual durante muitos anos lutaram os romanos. As lutas
dos lusitanos contra os romanos começaram em 193 a.C. Esta luta só
acabou com o assassínio traiçoeiro de Viriato por três companheiros
tentados pelo ouro romano.
Mitologicamente, ou seja, em típica
interpretação/ tradução/ classificação pagã a cargo de padres cristãos,
Luso é o suposto filho ou companheiro de Baco, o deus romano do vinho e
do furor. Mitologia esta romana, repescada da grega (Dioniso, Diónisos
ou Dionísio era o deus grego equivalente ao deus romano Baco) que em
nada se relaciona com a península Ibérica e os povos que nela habitaram.
Mais uma vez, contextualizada, se percebe a forte influência que a
limitada educação reservada aos que detinham o poder exerceu sobre a
nossa sociedade. O que foi interpretado, escrito e divulgado tem
influência actual sobre a nossa cultura e crenças.
É esta mitologia pagã que lemos na estrofe 22 do Canto III d'Os Lusíadas de Camões.
Esta foi Lusitânia, derivada
De Luso, ou Lisa, que de Baco antigo
Filhos foram, parece, ou companheiros,
E nela então os Íncolas primeiros.
Luís Vaz de Camões, Os Lusíadas,
estrofe 22 do Canto III
Bom,
quer se goste, quer não, a identificação da Lusitânia com Portugal vem
praticamente das origens da nacionalidade portuguesa: num texto dos
finais do século XII, Vida de S.Teotónio, D.Afonso Henriques é designado
“(...) rei de toda a Lusitânia e parte da Galiza”. Esta identificação
tornou-se tão universal quão indiscutível, e tem-se mantido até aos
nossos dias: a Carta Apostólica de 16 de Janeiro de 1946, em que o papa
Pio XII constitui Santo António de Lisboa 'Doutor da Igreja', começa com
as seguintes palavras: “Exulta, Lusitania felix! (...) ”.
A
tribo Lusitani habitava na Serra da Estrela. É inevitável ligar o
topónimo 'Estrela' à origem do etnónimo 'Luso': Lúcifer é a Estrela da
Manhã (Phosphoros) e a divindade Lux ou Luci era a invocada pelos
Lusitanos. O deus Endovellicus, adorado pelos Lusitanos, também se
chamava Lu, e supõem alguns que teria derivado daí o nome 'Luso'. Alguns
historiadores afirmam com a maior naturalidade que Viriato era um
'adorador de Lúcifer ou Portador de Luz, chefe da tribo mais
aguerrida dos Lusitanos, chamada Poesures, acrescentando que por Lúcifer ser conhecido, igualmente, por
Estrela da Manhã é que ainda hoje a serra onde viviam os Poesures
conserva o nome de Serra da Estrela. Não há dúvida que qualquer povo é único em termos culturais e
sociológicos. A genética encarrega-se da passagem de genes dos quais não
existe memória, mas cuja presença é incontestável.
Check:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Viriato
http://www.in-loco.com/Viriato.htm
http://viriatus.no.sapo.pt/
http://portugalhistoria.blogspot.com/2008/02/quem-eram-os-lusitanos.html
http://groups.msn.com/smkq6tklbkrpsggg511l6n9287/Lusitnia.msnw